Conforme o levantamento, 14,3% dos domicílios tinha pelo menos um morador em busca de emprego, e em 8,2% dos lares, a pessoa responsável pela família estava desempregada no período de coleta da pesquisa.
De acordo com os pesquisadores, as evidências “revelam um preocupante agravamento da insegurança alimentar em um contingente expressivo da população brasileira, iniciado pela crise econômica e desestruturação de políticas públicas nacionais, desde 2016, e acentuado pela pandemia de Covid-19, que continuava a se propagar”.
Diante da crise sanitária que assolou o país a partir do início de 2020, o agravamento da situação de insegurança alimentar a citado como fruto das dificuldades de recomposição das rendas do trabalho em emprego formal ou informal, de retomada de negócios e de atividades produtivas, em particular no meio rural.
O estudo cita ainda a persistência de “opções governamentais negligentes, pautadas pelo falso dilema entre economia e saúde” como um dos agravantes para a evolução da fome no Brasil ao longo do último ano.
Norte
Na análise entre as regiões, as situações mais delicadas são encontradas no Norte e no Nordeste, que têm, respectivamente, 25,7% e 21% da população em situação de insegurança alimentar grave. Nas regiões Sul (9,9%), Sudeste (13,1%) e Centro-Oeste (11,7%), o nível não alcança os 15%, média nacional.
“Embora os números indiquem a precarização das condições alimentares para o conjunto do país, os traços do empobrecimento e das estratégias de sobrevivência das famílias se manifestam desigualmente entre as regiões”, destaca a pesquisa.
O agravamento da situação é também assolador pelas famílias afetadas pela combinação de falta de alimentos e insegurança hídrica, sem elementos mais vitais da existência humana. Segundo o estudo, 42% dos lares que enfrentam a situação estão também sujeitas à fome.
A pesquisa, entitulada Inquérito Nacional sobreInsegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, foi coordenada pela Rede PENSSAN (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutriciona) e executada pelo Instituto Vox Populi.