Por Redação | 7 de julho de 2021 às 12:00
Quando sob o prisma da estatística, a pandemia se revela em outras dimensões – e todas mais graves: como a que, por exemplo, torna próximas Minador do Negrão, entre o Agreste e Sertão, e a litorânea Feliz Deserto – distantes, no mapa, 154 km.
Depois que a tragédia que assola o país fez Alagoas passar a marca das 5 mil mortes pela Covid-19, essa proximidade adquire razão de ser.
O total de mortes no Estado, desde o início da pandemia, equivale à população total de cada um desses municípios.
E aí vale destacar a referência populacional: trata-se do número de moradores na zona rural e na área urbana, somados.
O dado é um dos gráficos produzidos sobre a pandemia pelo Clube de Engenharia de Alagoas (CEA-AL) e disponibilizados para consulta pública.
A propósito, a primeira tem população total de 5.329 habitantes; Feliz Deserto, de 4.754 moradores.
Os dados se referem à última semana de junho, quando o Estado alcançou mais essa triste marca.
Vale lembrar que não quer, com isso, “reduzir vidas a números”, mas, alguns deles possuem significação e servem para marcar vários componentes da tragédia: da letalidade do vírus, como alerta para precauções ou, mais recentemente, com o agravamento das denúncias no Congresso, de como o governo federal executou uma má gestão da pandemia.
Por mais trágico ou bizarro que seja fazer a comparação – ou exatamente por isso –, ela serve para justamente dar dimensão humana aos números.
Foi quando no auge da pandemia, nos meses de março e abril, se comparava que o total diário de mortes correspondia ao de tantos aviões de passageiros – lotados – caindo, dia após dia.
Ou quando se passou do patamar de 100 mil mortes, a comparação foi remeter à imagem de um estádio lotado.
Para o caso de Alagoas, portanto, é como se tivéssemos, passada a marca das 5 mil mortes, um município inteiro de Minador do Negrão ou de Feliz Deserto tendo sua população “riscada do mapa”.
Os gráficos são produzidos pelo diretor do CEA-AL, engenheiro Ricardo Vieira, a partir de diferentes bases de dados: informações do Ministério da Saúde, de cartórios (referentes a óbitos), por estados, regiões e para alguns locais especificamente, como Rio de Janeiro e São Paulo, pelo volume de suas populações.
Ao todo são 54 gráficos sob as mais diferentes comparações, demonstrações de evolução dos números e cenários estatísticos da pandemia no Estado.
Segundo ele, que já foi secretário de Planejamento, daí a intimidade com esse tipo de comunicação, de início, a atualização era diária.
Porém, dado o volume de consultas, passou a ser mais espaçado.
E não são só aquelas duas cidades.
O número de mortos é superior à população também das cidades de Jacaré dos Homens (que tem 5.253 habitantes), Olho d’Água Grande (5.123 habitantes), Palestina (5.011), Belém (4.344), Jundiá (4.155), Mar Vermelho (3.514) e Pindoba (que tem população de 2.908 habitantes).
Por Felipe Farias – Portal Acta