Sesau elabora linha de cuidados para hanseníase

Por Redação | 8 de outubro de 2021 às 11:00

Foto: Carla Cleto

Uma doença milenar, a hanseníase foi a primeira enfermidade infectocontagiosa que teve seu agente etiológico descoberto. Isso aconteceu em 1873, mas os casos ocorrem até hoje. Pensando em controlar essa endemia, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) elaborou uma Linha de Cuidados para a Hanseníase.

Criada para garantir a assistência multiprofissional e o cuidado contínuo aos pacientes acometidos pela doença, a Linha de Cuidados da Hanseníase organiza o fluxo e subsidia o planejamento dos municípios, qualificando o atendimento dos pacientes. Também cria diretrizes para a abordagem clínica, critérios para alta, acompanhamento dos pacientes com reação, assegura o acompanhamento das intercorrências pós-alta e cria um sistema de informação.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a hanseníase é encontrada em 127 países, sendo que a Índia, o Brasil e a Indonésia (nessa ordem) acumulam 80% dos casos. Além disso, foram reportados casos de hanseníase em 24 países das Américas. Desses, Argentina, Colômbia, Cuba, México, Paraguai, República Dominicana e Venezuela tiveram mais de 100 casos por ano.

Foram reportados, em 2019, à Organização Mundial de Saúde (OMS), 27.864 novos casos de hanseníase no Brasil. Isso coloca o país em segundo lugar no ranking de países com maior número de casos no mundo, ficando atrás apenas da Índia.

A média anual de casos de hanseníase em Alagoas costuma ser de aproximadamente 300 por ano. Este ano foram notificados 224 casos no Estado, segundo dados divulgados pela Gerência de Ações Estratégicas (Gaest) da Sesau.

O objetivo da Linha de Cuidados da Hanseníase é estabelecer o controle da doença, baseado no diagnóstico precoce, no tratamento de todos os casos diagnosticados, na prevenção e no tratamento das incapacidades provocadas, além do acompanhamento dos contatos domiciliares.

“A Linha de Cuidados da Hanseníase é fundamental, sobretudo, para poder dar uma assistência integral ao paciente. Por meio dela, a gente estabelece todos os fluxos e todas as categorias que podem assistir o paciente com hanseníase. Então, ela tem que ser bem estudada, tem que ser discutida amplamente com todas as categorias envolvidas, com todos os setores da organização do serviço, para poder estabelecer esse fluxo de maneira que favoreça o paciente”, diz o assessor técnico da Gaest, dermatologista e hansenólogo Apolônio Carvalho.

O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, explica a importância em organizar o fluxo no Estado. “O diagnóstico precoce é responsabilidade do município, mas, se os municípios não estiverem capacitados e se não possuírem um fluxo organizado, a probabilidade de diagnosticar precocemente diminui. O diagnóstico tardio pode culminar em graves sequelas e consequências psicossociais, e nós queremos controlar a endemia”, salientou.

Em paralelo à elaboração da Linha de Cuidados da Hanseníase, foram ofertadas capacitações on-line, desde maio, para os municípios, visando o diagnóstico precoce e tratamento da hanseníase. A ideia é continuar oferecendo essas aulas para que os municípios alagoanos continuem aptos a identificar e tratar a doença, já que o diagnóstico dos casos e o tratamento dos pacientes são de responsabilidade da Atenção Básica. Até agora foram capacitados mais de mil profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, farmacêuticos, odontólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.

Itanielly Queiroz, assessora técnica do Programa de Controle da Hanseníase da Sesau, afirma que as capacitações já estão rendendo resultados. “A gente já tem um ganho muito importante, porque tem município que, de maio pra cá, já diagnosticou 14 casos novos. Isso mostra a relevância dos treinamentos, que estão estimulando os municípios a focar no diagnóstico da doença e, consequentemente, no tratamento dos pacientes, evitando incapacidades”, enfatizou.

Vale ressaltar que a hanseníase faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública. Logo, é obrigatório que os profissionais de saúde reportem os casos diagnosticados no sistema.

Etapas da Assistência:

– Atenção Primária (âmbito municipal) – A Atenção Primária é responsável por realizar o diagnóstico precoce e o acompanhamento dos pacientes com hanseníase e seus contatos familiares. Caso exista dificuldade no diagnóstico ou caso seja necessário um diagnóstico diferencial, é que se deve encaminhar o paciente para uma unidade de referência municipal ou estadual.

– Atenção Secundária (âmbito estadual): Além da unidade de referência estadual, existe a possibilidade de encaminhamento do paciente, a depender de suas peculiaridades, aos Centros Especializados em Reabilitação (CERs), que possuem em suas estruturas equipes multidisciplinares para ofertar reabilitação. No entanto, só serão encaminhados a estes serviços, os pacientes que necessitarem de acompanhamento e tratamento multiprofissional. Caso tenham necessidade de utilização de órteses e próteses, serão encaminhados às oficinas ortopédicas cadastradas em Alagoas.

– Atenção Terciária (âmbito federal): Podem ser encaminhados à rede terciária, pacientes com reações hansênicas, ou que precisam de cirurgias reparadoras e procedimentos de Média e Alta Complexidade. É o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), em Maceió, que oferta assistência em cirurgias reparadoras e consultas ambulatoriais.

A linha de cuidados pode ser acessada por meio deste link ( https://www.saude.al.gov.br/wp-content/uploads/2021/10/LC-da-Hanseniase.Revisao-final.pdf )

Fonte: Sesau 

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