Por Larissa Bastos | Portal Gazetaweb.com | 21 de fevereiro de 2016 às 11:09
Ele está em todos os lugares. Embora típica da região Norte, aqui no Nordeste a frutinha roxa de gosto próprio já pode ser encontrada em qualquer esquina de Maceió. Ou, pelo menos, quase isso. Nova febre na cidade, o açaí saiu do círculo das academias para conquistar novos – e muitos – adeptos.
Um dos fãs é o policial militar Cristóvão Filho, que confessa consumir a massa preparada a partir da fruta pelo menos três vezes por semana. No copo montado por ele entram todos os ingredientes disponíveis, com exceção das caldas. “Porque, com a calda, fica muito doce”, diz.
Ele conta que passou a consumir o produto – a quantidade varia entre 500 ml e 750 ml, dependendo “da fome e da verba” – quando iniciou a prática de uma atividade física e viu que precisava de algo para compensar o elevado gasto calórico dos treinos. Até então, só havia consumido a polpa e achou que “tinha gosto de barro”.
“Todos os dias que estou de serviço é certo tomar um açaí. Como trabalho levando sol, o açaí no lugar do almoço dá um baita alívio!”, conta. “Só experimentei na tigela ano passado. Antes disso odiava. A ideia inicial era comer por conta da academia, mas agora preciso pra respirar. Deve ter alguma droga na fórmula”, brinca ele.
O jornalista e fotógrafo Américo Cavalcante também vai pelo mesmo caminho. Ele conta que já fazia o açaí em casa, com a base de banana. O consumo era moderado. Até que ele conheceu uma das redes que vende o produto na capital alagoana. “Inventaram esse bendito, cheio de complementos… Aí já viu”, justifica.
Ele é um dos adeptos do copão em substituição a uma das refeições. E classifica a escolha como a opção perfeita para a vida corrida de hoje em dia. “Dá pra substituir uma refeição por ele facilmente. E, para nós, que não temos muito tempo porque vivemos na rua, ele virou uma opção perfeita”.
Nutricionista faz alertas
Mas, a nutricionista clínica Alessandra Lopes chama a atenção para os perigos do consumo excessivo da frutinha amazônica. Segundo ela, 100 gramas têm entre 65 e 160 calorias, dependendo de como a chamada “massa de açaí” é preparada. Com a adição de ingredientes como leite condensado e paçoca, a “densidade calórica” aumenta – e muito.
“Essa variação de 65 a 160 calorias vai depender de como a massa é preparada, se tem adição de guaraná, mel, banana da terra. É um alimento variável e também calórico. Se colocamos a média de uma colher de sopa de granola, já tem mais 60 calorias. Se formos somando tudo que é adicionado, pode facilmente chegar a mil calorias”, diz.
Outro alerta é quanto à adição de muitos elementos com cálcio, o que impede a captação do ferro naturalmente presente na fruta – um de seus principais benefícios. Alessandra explica que os dois minerais competem entre si, já que percorrem o mesmo caminho de absorção dentro do organismo.
“O açaí é um alimento rico em várias vitaminas e minerais, só que as pessoas estão descaracterizando o alimento pela inclusão de outros elementos calóricos. Ele é rico em ferro e, com a adição de alimentos ricos em cálcio, como o leite, a pessoa acaba não conseguindo aproveitar todos os benefícios”, expõe a profissional de saúde.
Os puxões de orelha não param por aí. Para quem costuma substituir uma refeição por um copo de açaí, ela diz que o costume não é nada saudável. Apesar seus nutrientes, ele não possuí todas as fontes que seriam fornecidas por um almoço, como carboidratos, proteínas e minerais, além da saciedade das fibras.
Mas, nem tudo está perdido. Pode respirar aliviado que Alessandra dá uma boa notícia: todo mundo pode consumir a fruta, desde que com moderação. De acordo com ela, o alimento é mais indicado para quem necessita de um aporte calórico maior na dieta. Para quem está no sobrepeso, é bom ter um pouco mais de cautela.
“Ele pode ser consumido, mas depende em que momento e em que quantidade. Sempre digo aos pacientes que eles precisam ter cuidado com isso. O açaí é um alimento ótimo, mas ele é bom para emagrecer? Depende. Se você consumir uma colher de sopa de açaí no lanche vai ser bom, pois a densidade calórica vai ser pouca. Mas as pessoas não querem consumir uma quantidade moderada”, expõe ela, rindo.