Temer falou por telefone ao jornalista Kennedy Alencar, da CBN, no momento em que havia sido preso. O ex-presidente afirmou que a prisão “é uma barbaridade”.
Por G1 | 21 de março de 2019 às 22:55
Preso nesta quinta-feira (21) em São Paulo, pela Força-Tarefa da Lava Jato no Rio, o ex-presidente Michel Temer chegou à Superintendência da PF no Rio por volta das 18h38. O ex-presidente ficará sozinho na sala do corregedor da PF, no terceiro andar do prédio. É uma das poucas no edifício que tem banheiro privativo.
Na porta do prédio havia um grande número de jornalistas e alguns manifestantes com cartazes aguardando a chegada de Temer. Alguns manifestantes chegaram a dar tapas e socos em viaturas do comboio da PF.
Por volta das 19h30, o cômodo onde Temer ficará preso ainda estava sendo montado. O espaço terá área de cerca de 20 metros quadrados, com ar condicionado. Há também um frigobar no cômodo.
Temer foi trazido de São Paulo em um avião da Polícia Federal, do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos e desembarcou na Base Aérea do Galeão. O juiz da 7ª Vara Criminal Federal Marcelo Bretas aceitou o pedido da defesa para que o ex-presidente fique preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal, no Centro do Rio.
O ex-ministro da Casa Civil Moreira Franco, também preso na Estrada do Galeão pela Força-Tarefa da Lava Jato no final da manhã desta quinta-feira (21) foi levado para a delegacia da PF no Aeroporto Tom Jobim, o Galeão.
Em seguida, encaminhado no mesmo comboio de Temer para a Superintendência da PF e, posteriormente, para a Unidade Especial Prisional da PM, em Niterói. No local está preso desde novembro do ano passado o ex-governador Luiz Fernando Pezão.
Inicialmente, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, tinha determinado que Temer ficasse preso na Unidade Prisional Especial da PM, em Niterói. O magistrado, porém, acabou atendendo pedido da defesa, alegando isonomia com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e permitiu sua prisão em uma sala na Polícia Federal.
A PF cumpriu ao longo do dia 10 mandados de prisão. Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro.
As prisões de Moreira e Temer são preventivas e tiveram como base a delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix.
O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3. A investigação é um desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade.
De acordo com a investigação, que apura os crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, pagamentos ilícitos foram feitos por determinação de José Antunes Sobrinho para o grupo criminoso liderado por Michel Temer, assim como possíveis desvios de recursos da Eletronuclear para empresas indicadas pelo grupo.
Segundo a Força-Tarefa, Temer é chefe de uma organização criminosa que atua há 40 anos no Rio de Janeiro. “Michel Temer é o líder da organização criminosa a que me referi, e o principal responsável pelos atos de corrupção aqui descritos”, afirmou o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, na sentença.
Temer falou por telefone ao jornalista Kennedy Alencar, da CBN, no momento em que havia sido preso. O ex-presidente afirmou que a prisão “é uma barbaridade”.
Já a defesa de Moreira se pronunciou em nota. “A defesa de Wellington Moreira Franco vem manifestar inconformidade com o decreto de prisão cautelar. Afinal, ele encontra-se em lugar sabido, manifestou estar à disposição nas investigações em curso, prestou depoimentos e se defendeu por escrito quando necessário. Causa estranheza o decreto de prisão vir de juiz de direito cuja competência não se encontra ainda firmada, em procedimento desconhecido até aqui”.