Enquanto o esgoto entope, as tubulações vazam e Alagoas perde quase a metade da água encanada, um projeto de lei propõe a venda de 56% do capital social da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). Com uma dívida que pode chegar a R$ 1 bilhão e carência de investimentos da ordem de R$ 2 bilhões para evitar o colapso da empresa, o governador Renan Filho (PMDB) levanta informações e estuda a privatização como uma alternativa viável.
A Gazeta abordou o governador sobre o assunto, ontem pela manhã, quando ele chegava para uma visita à Maternidade Santa Mônica, no bairro do Poço. Objetivo e prático nas respostas, Renan demonstra conhecimento sobre o tema e, sem cerimônia, deixa claro que a busca de parceiros na iniciativa privada é um dos caminhos para garantir os recursos que garantam água e saneamento para a população.
O Sindicato dos Urbanitários, que representa os funcionários da companhia, denuncia o que considera ser uma campanha pela privatização da Casal, baseada em: “falácias lógicas sustentadas por argumentos ardilosos e obscuros, que servem para escamotear interesses escusos que visam dilapidar esse patrimônio público construído com o suor dos trabalhadores e o esforço dos alagoanos”. O projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa foi encaminhado no final do mandato do então governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), no dia 26 de dezembro.
“Temos que ter investimentos do governo federal e buscar outras fontes de financiamento, do próprio Estado, da Casal ou talvez até um parceiro privado”, pondera o governador. Mesmo diante de inúmeros microfones e gravadores pautados para noticiar a crise na Santa Mônica (leia sobre a maternidade na matéria abaixo), Renan Filho concedeu uma rápida entrevista à reportagem.
Gazeta. Qual a sua opinião a respeito do Projeto de Lei de privatização da Casal?
Renan Filho. Eu vou me reunir com o Sindicato dos Urbanitários para avaliar um pouco isso tudo. O governo anterior enviou esse projeto, a Casal vive um momento de muita dificuldade realmente, de dificuldade operacional. Se a empresa não tem recursos para custear as despesas operacionais, quanto mais para fazer os investimentos necessários pra melhorar a prestação de serviço de saneamento básico e do abastecimento d’água no Estado de Alagoas. Dito isto, fica claro que a necessidade de investimentos da Casal é muito grande. Nós precisamos vencer isso.
A venda de capital social é um caminho?
Quais são os caminhos? Tem vários, um deles é esse aí: incorporar capital e buscar um parceiro privado para fazer os investimentos que garanta água para a população e saneamento. A falta de saneamento básico é um dos principais problemas para o nosso Estado, é o que encarece a saúde, prejudica o atendimento à população. De forma que nós vamos buscar um caminho para que a Casal possa, por um lado, fazer os investimentos necessários, prestar um bom serviço à população e, por outro lado, a gente tenha condições financeiras pra isso porque o Estado de Alagoas não tem recursos.