Piranhas: Dr. Dante e a guilhotina de Danton.

Por | 19 de janeiro de 2015 às 11:52

1962815_460412410725117_743062619_nA eleição do prefeito Dante, agora afastado, pode ser considerada, para a realidade local, das mais emblemáticas de todos os tempos. Numa confluência de virtude e fortuna os anseios populares foram materializados para a derrubada da antiga gestão. Com a vitória, fogos de artifício e a construção de um mito. O clamor popular tomou a partir dali os sentidos do novo prefeito.

 

O êxtase do novo prefeito correu os quatro cantos do município. Antigos desafetos foram perseguidos com veemência e até segundo se falava, expurgados de vez da política local. O Dr. Dante apoiava-se na figura do povo. Qualquer discussão que encetasse uma mudança de rumos da administração era logo rotulada como um ato “anti-povo” e com probabilidade de ser articulada pela oposição. O prefeito afastado tentou uma formula antiga, de um lado, basear-se a força no difuso – o povo – noutro, abrir as portas do inferno, criando um inimigo constante e que deveria ser combatido: a antiga gestão.

 

A criação desse inimigo constante é a marca dos últimos dois anos. Não houve a construção de pontes firmes entre a Câmara de Vereadores e a Prefeitura, nem mesmo com os setores da sociedade piranhense. Havia sempre a figura do povo que o apoiava nesse entremeio. “Com o povo não há o que temer”, dizia o prefeito. A cada dia, mesmo falando cada vez mais alto e firme a palavra povo, os atos do prefeito distanciavam a gestão do Povo que o elegeu. O desgaste se tornou inevitável com os prováveis atos de improbidade e a crença absurda de ser Dante um mito, inexpugnável, quase um Danton. Este, considerado uma das mais eloqüentes peças da Revolução Francesa fora abatido pelas forças de Maximilien Robespierre, antigo amigo de armas.

 

A voz de Georges Jacques Danton garantiu sucesso a Revolução Francesa com seu carisma, conseguindo liderar as forças antimonárquicas pós-revolucionárias. Como líder, acreditava veementemente na organização das forças populares tanto para a execução dos fins revolucionários, como também, para diminuir o poder de Robespierre e seus correligionários. Com certa precisão Danton entendia que o poder da guilhotina deveria ser exercido para o povo e não contra o mesmo. Acreditava no apoio popular no momento oportuno. Bateu-se contra Robespierre. Antes de ser preso, aconselhado a fugir declarou: “acaso se leva a pátria agarrada à sola dos sapatos?”. Foi guilhotinado por traição.

 

Danton acreditou no seu mito. Dante Alighieri também.

 

Robespierre tinha o exército. Danton achava que tinha o povo. Dois séculos mais tarde, o Dr. Dante Alighieri se bate com os mesmo erros do passado. Distanciou-se do povo que o elegeu, não tem o afeto necessário de setores do legislativo e agora anda as voltas com indícios de improbidade, culminando com o seu afastamento. Ele abriu as portas do inferno, ao criar diuturnamente o inimigo, esperando que o efeito do placebo durasse até a próxima eleição. Não durou.

 

Danton enfrentou o destino. Quanto a Piranhas, sabe-se que fechar as portas abertas do ódio cultivado nestes dois anos é dificílimo.

 

Com alta probabilidade de cassação, tendo como inimigos antigos aliados. Hoje, o Dr. Dante sabe como ninguém, que jamais levará Piranhas à sola dos sapatos. 

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