Major Ronald e ex-assessor de Brazão são presos acusados de envolvimento na morte de Marielle

Por | 9 de maio de 2024 às 10:44

A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quinta-feira, dois mandados de prisão contra Robson Calixto da Fonseca, conhecido como Peixe, que é ex-assessor de Domingos Brazão, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste do Rio. Os dois foram acusados de envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

Robson foi preso pela Polícia Federal do Rio, enquanto Ronald já cumpria pena num presídio federal. Os mandados foram pedidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Num documento protocolado pela PGR no Supremo Tribunal Federal (STF) que denuncia os três suspeitos presos desde o fim de março por supostamente mandar matar Marielle Franco — os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa — foram incluídos os nomes de Robson e Major Ronald.

Depois de um mês e meio de análise e aprofundamento da investigação da Polícia Federal, a PGR concluiu que os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa devem ser processados e condenados pelo assassinato de Marielle e Anderson Gomes.

No documento entregue no fim da tarde de terça-feira ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, a PGR denuncia os irmãos Brazão como mandantes do homicídio e por integrar uma organização criminosa. Já o delegado da Polícia Civil foi denunciado como mandante também do homicídio.

Chacina na Baixada

O major Ronald foi preso em 2019 na operação Os Intocáveis por suspeita de participação nas mortes de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ele foi condenado por participar do caso que ficou conhecido como Chacina da Via Show.

Em 6 de dezembro de 2003, quatro jovens foram brutalmente assassinados na saída de uma festa. Renan Medina Paulino, de 13 anos, Rafael Medina Paulino, de 18, Bruno Muniz Paulino, de 20, e Geraldo Sant’Anna, de 21, teriam se envolvido numa confusão na casa noturna e acabaram sendo sequestrados por PMs que faziam a segurança do local.

Em 14 de março de 2018, de acordo com a PF, Ronnie Lessa afirma que, por volta do meio-dia, recebeu uma ligação de Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé, que dizia que recebera uma chamada de major Ronald. Ainda conforme a Polícia Federal, Macalé indicou a Lessa que Ronald lhe passara a informação de que na noite daquele dia haveria um evento na Casa das Pretas, na Lapa, região central do Rio, e que Marielle Franco estaria presente. A vereadora foi morta após deixar o local.

De acordo com a PF, todo o contexto dá a ideia de que o major Ronald teria sido um dos responsáveis pelo levantamento de informações da rotina de Marielle para seus assassinos. A ligação dele com a morte da vereadora foi revelada pelo miliciano Orlando Curicica à Polícia Federal em 2019.

Intermediador de Lessa

Já Robson Calixto, segundo o relatório da PF, é citado como miliciano em algumas informações encaminhadas pelo Disque-Denúncia, em maio e junho de 2018, onde é apontado como o responsável por arrecadar valores exigidos por um grupo paramilitar que agia na região da Taquara, na Zona Oeste do Rio.

Segundo a PF, Ronnie Lessa, no segundo semestre de 2017 ele foi procurado por Macalé, que lhe apresentou a proposta idealizada pelos Irmãos Brazão de matar Marielle Franco. Lessa aceitou e Macalé, então, o levou, mediante a intermediação de Robson Calixto — então assessor pessoal e outrora assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e no Tribunal de Contas do Estado (TCE) —, para a primeira reunião entre eles, que aconteceu nas imediações do então Hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

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