(Parte 2 com Gerd Baggenstoss )
Por Gerd | 15 de janeiro de 2015 às 2:17
Como colocar os Alagoanos contra seus interesses mais primordiais como a água? A receita é simples. Sufoque economicamente uma empresa pública deixando os usuários exasperados com a má prestação dos serviços – aqui nas Alagoas a regra é reiterar a falta de água-, não permita investimentos prioritários na Empresa, nem quaisquer valorizações no que toca a estabilidade jurídica e gradual aumento salarial dos servidores. Pronto, eis os ingredientes que darão condições políticas para a transferência do Capital público a terceiros. A estratégia adotada pelo governo Teotônio e que pode ser repetida no governo Renan, repetiu o padrão adotado pelo modelo neoliberal de Estado dos anos 90.
Em meados da década de 90, o cálculo e argumento político que deu força ao consenso das privatizações dos governos Collor/FHC seria de que as empresas não eram competitivas e não conseguiriam atender a demanda. Aliado a esta perspectiva o tesouro nacional brecou os investimentos nas empresas públicas transformando-as em “sucatas com possibilidade de lucro”, criando um sentimento de desconforto entre o serviço pretendido pela população e o efetivamente prestado. Aqui nas terras Alagoanas, evidencia-se o mesmo modus operandi do passado. A população alagoana não entendeu ainda o perigo que bate à porta justamente por esta criação artificial de distanciamento entre aqueles e a Companhia de Saneamento de Alagoas.
Este fato tem levado o desejo privatista passar despercebido.
Se levada a cabo a pretensão do governo, estar-se-á reduzindo sensivelmente a autonomia estatal que vise a estruturação do desenvolvimento econômico do Estado. Quaisquer ações que objetivem o desenvolvimento das forças produtivas têm que levar em consideração a distribuição e o preço da água. São critérios objetivos que não devem estar sob o jugo de determinados grupos privados e muito menos sujeitos a especulação financeira, como é o caso.
Os interesses privados aliados aos mais comezinhos interesses políticos criaram uma atmosfera desfavorável à defesa da CASAL. Os constantes problemas relacionados a falta de água, não são apenas problemas técnicos. São evidências de uma desestruturação maior articulada com várias finalidades, dentre elas cumprir a frase venal cunhada por José Saramago, no livro Ensaios sobre a Cegueira: Cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.